domingo, 30 de novembro de 2008

A MÀ EDUCAÇÃO

9 Novembro 2008

Na Escola eb 2/3 de Jovim
Gondomar: Aluno agride professora
Artemisa Coimbra, professora de Inglês na EB 2/3 de Jovim, em Gondomar, foi ontem agredida a murro por um aluno de 16 anos que frequenta o 9º ano dos Cursos de Educação e Formação. Teve de ser transportada para o Hospital S. João, no Porto, tendo sido tratada na pequena cirurgia. À saída da Urgência ainda eram visíveis as marcas da agressão no olho.
O incidente ocorreu às 13h40, quando a professora saiu da sala dos professores rumo à aula. "Fui surpreendida pelo aluno a correr na minha direcção e a chamar-me de todos os nomes possíveis. Depois deu-me murros na cara", disse ao CM, Artemisa Coimbra, que é também responsável pelo Observatório de Mulheres Assassinadas, uma organização que combate a violência doméstica.
O incidente ocorreu depois de a docente ter levado o agressor ao Conselho Executivo, por este estar a dizer palavrões no interior da escola.

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Aluno agride professora
Docente chegou a desmaiar após pancada na zona cervical. Criança de 12 anos foi suspensa
26 NOVEMBRO


Uma professora foi agredida por um aluno, na Escola EB 2/3 António Dias Simões, em Ovar, ao início da tarde desta quarta-feira.
O aluno do 6.º ano, com 12 anos, atacou a professora quando esta estava de costas, no corredor da escola. O PortugalDiário sabe que a docente levou uma pancada na zona da cervical, tendo desmaiado e sido de imediato transportada para o Hospital de Ovar. A vítima já teve alta e está em casa.
Foi à saída da sala que a professora foi surpreendida com o ataque do aluno revoltado. No decorrer da aula verificou-se um «desentendimento com a professora», segundo afirmou ao PortugalDiário Manuel Cardoso, do Conselho Executivo da escola.
O mesmo professor explicou que este aluno apresenta «problemas há já vários anos, vivendo um quadro familiar complexo». A criança está aliás referenciada na Comissão de Protecção de Menores em Risco.
O Conselho Executivo referiu ainda que, nos termos da lei, foi encetado um «inquérito rigoroso» ao sucedido. O aluno foi já ouvido durante quase toda a tarde e confirmou a agressão à professora, tendo sido preventivamente suspenso. O Ministério da Educação será seguidamente informado do incidente, mas segundo o Conselho Executivo da escola é ainda necessário proceder à audição da professora e das testemunhas do ataque.
Depois de ter recebido alta, a vítima está em casa em convalescença, mas «afectada psicologicamente». Até ao momento, não foi possível entrar em contacto com a professora.

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Problemas com filhos ditadores vão aumentar em Portugal”A conversa com... Javier Urra, psicólogo forense
29-11-08
“O que não contas aos teus pais?” O psicólogo espanhol Javier Urra colocou a pergunta a 3500 adolescentes portugueses com idades entre os oito e os 22 anos. A resposta chegará a Portugal no início do próximo ano, no livro “O que calam os nossos filhos?”. O título, recentemente publicado em Espanha,  já é best-seller. Ao JN, Urra antecipou o que distingue portugueses e espanhóis. E confessou a sua “preocupação” com o que ouviu.
Os segredos dos portugueses são diferentes dos espanhóis?
Os segredos dos pais são parecidos; os dos filhos são diferentes. Em Espanha, os filhos calam coisas do dia-a-dia: as más notas, as relações sexuais, o consumo de álcool ou de droga. Não pensava encontrar – e encontrei - um rapaz que me disse que não conta aos pais que tem amigos de outras raças. Ou um outro que me confessou: sou gay, mas tenho uma namorada. Nem esperava encontrar histórias tão tristes como a de um miúdo que todos os dias conta aos pais que vai passear com os amigos, quando na realidade vai sozinho porque não tem amigos. Em Portugal, os miúdos são mais filosóficos, pensam mais, sentem mais. E é sobretudo isso que escondem, as coisas que sentem e que pensam. Há algo de fado neles, uma nostalgia, um sentimento muito calado. E há frustração: por exemplo, calam que gostavam mais de ter os pais de um amigo do que os deles. E nós, pais, chegamos sempre muito tarde, porque achamos sempre que os nossos filhos são pequeninos, e isso não é verdade. Chegar aos 15 anos é chegar muito tarde. Em Portugal, parece-me que o pai é uma figura mais distante do que em Espanha, Os filhos falam mais com a mãe.
O que o preocupou mais no que ouviu dos filhos dos portugueses?
Preocupou-me haver rapazes e raparigas que vão à escola, dizem aos pais que comem e não é verdade. E há muitos rapazes em Portugal, muitos mesmo, que dizem: eu sou gay. Disseram-mo a mim, mas calam-no aqui. Muitos dizem-no na brincadeira. Porquê brincar com isso?
A orientação sexual é o maior segredo dos filhos dos portugueses?
Não tenho resposta para isso, mas o assunto chamou-me a atenção. Devem ser os técnicos portugueses a tentar perceber o que isso significa.
E as raparigas, o que calam?
As relações sexuais. Não dizem de quem gostam aos oito anos, com quem saem aos 12, o que fazem com quem saem aos 14. Não contam quem as deixou aos 15, porque é muito duro.
Os filhos não falam com os pais porque acham que eles não têm capacidade para os entenderem?
Porque têm a internet e os chats, que os pais nem sabem o que é. E porque partem do princípio que não têm que contar tudo aos pais – e não têm. Até porque, muitas vezes, os pais vão a correr contar à tia ou à avó.
Isso quebra a confiança?
Claro. Em Espanha, os pais contratam detectives para seguir os filhos. Desconfiam da sua orientação sexual ou do consumo de droga – em 80% dos casos acertam – e contratam detectives. Os pais têm o direito de saber o que se passa, mas não dessa forma. No meu livro ensino os pais a conquistarem essa confiança.
Há um manual para criar o filho perfeito: não vai agredir, não vai roubar, não vai ser mau?
Sem dúvida. Um filho não nasce; forma-se. E para isso é preciso tempo, dedicação, apego, carinho, amor, segurança, responsabilidade. É preciso ser adulto, saber dizer “não”, levá-los aos hospital para verem crianças doentes, ensiná-los a respeitar a natureza. Com estas componentes, é seguro que o filho será um bom filho. Se um pai educar bem o filho, corre o risco de aos 14 anos ele fazer uma coisa mal feita, como experimentar droga. Se o pai não dá conta em dois meses ele perde-se. Mas se dá conta, esse comportamento – ou outro - será um delito que só acontecerá uma vez.
Isso quer dizer que é possível culpar os pais? Quando as coisas correm mal, significa que os pais efectivamente falharam?
Se os pais têm responsabilidade? Sim. Têm responsabilidade para o bem e para o mal. Se um menor comete um delito, os pais têm que detê-lo. E note que eu fui o primeiro defensor em Espanha dos direitos dos menores. Mas é preciso saber respeitar o outro, é preciso educar no sentido da sensibilidade, de aceitar as regras. É por isso que defendo que esta crise é moral e eticamente muito boa. Serve para os pais poderem dizer aos filhos: Cuidado, há limites, não é possível ter tudo. Mas a sociedade também tem responsabilidade, porque confunde o bem com o mal. Hoje há esta ideia de que tudo é relativo. Em Portugal, ainda se calam os problemas em relação aos “filhos ditadores”, tal e qual como há uns anos se calava o problema dos filhos com droga. Ninguém dizia: O meu filho é drogado. Mas isso vai mudar. Os problemas vão aumentar.
Porquê?
Olhe para a escola, aí o problema é maior: o aluno não respeita o professor, porque o pai que lhe retirou a autoridade. Vai lá e diz: “Não diz isso ao meu filho”.
É possível “curar” um pequeno ditador, um filho que se torna agressivo?
Sem dúvida. Em Espanha criámos um centro onde colocamos os jovens que agridem os pais. E estamos perante uma violência de género: a principal vítima é sempre, sempre, sempre a mulher. A mãe daquele filho tem um problema, mas a mulher que virá a ser sua esposa tem um problemão, porque ele, se não fora travado, vai continuar a agredir. Ali no Centro, em Gualarrama, Madrid, os adolescentes ficam privados de liberdade durante um ano, em tratamento intensivo. Conclusão: no fim, o filho melhora? Melhora. Muito. A relação com os pais vai passar a ser estupenda?  Não. Mas passa a haver respeito, que é o que se pretende conseguir.
Quando uma criança é institucionalizada e o processo também corre mal –agridem, matam.. - de quem é a culpa?
Aí há várias questões: um rapaz que mata é o primeiro responsável por isso. Ser menor não quer dizer ser irresponsável. Quer dizer que, num país como Portugal, a resposta jurídica que se dá é distinta da que se dá a um adulto. Mas o menor continua a ser responsável. Primeiro ponto: esses rapazes foram institucionalizados porque a família falhou. Segundo: se a família falha, as instituições também podem falhar. Terceiro: sabe o que se passa dentro desses rapazes? Sentem-se mal, sentem náusea e então passam à acção mais insuportável. Como se sentem marginais nada é mais agradável para eles do que a violência – violência é poder. E pertencer a um grupo dá-lhes a sensação de desresponsabilização. Finalmente, procuram um indigente, um pobre, alguém abaixo deles, a escória, porque é assim que eles se sentem na pirâmide social: que estão muito abaixo. Têm comportamentos violentos como diversões gratuitas.
Em Portugal, há cerca de dois anos, treze menores mataram um transexual sem-abrigo...
Em Barcelona houve um caso igual: três menores queimaram um indigente, uma rapariga que era deficiente mental. O rapaz menor vai ser privado de liberdade durante pelo menos oito anos.  Os outros dois, de 18 anos, vão ficar privados de liberdade durante 18 anos. Não se pode encurtar este tempo. Perguntará: é muito castigo? Eu acho justo. E acho bem que os media transmitam à sociedade em geral que estes comportamentos não podem ser confundidos com divertimentos gratuitos. Estamos a falar de um assassinato premeditado e cobarde porque é ejercido sobre quem não pode defender-se. É preciso dizer a estes rapazes: “tens direito a ser castigado. É para o teu bem. Quando saíres, estaréis cá fora á tua espera, mas agora vais ser castigado”. O que aconteceu a esses rapazes portugueses?
Tiveram penas de 11 a 13 meses de internamento num centro educativo….
Nunca pode desculpar-se um menor porque é pobre ou porque foi institucionalizado ou porque sofreu. Há situações que podem funcionar como atenuantes, mas nunca como desresponsabilização. Se não se sancionas duramente a criança que errou, ela ganha um sentimento de impunidade, mesmo que não consiga verbalizá-lo. Pensa: “Sou um perdido, não tenho solução. Não sou importante.”

HELENA TEIXEIRA DA SILVA

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